Mafalda, mais de 50 anos de feminismo.

Mafalda pode ter passado dos 50, mas as suas reflexões não deixam de ser atuais. Desde sua concepção, Mafalda tem sido reflexiva e combativa em questões como maternidade, guerra e infância.


A personagem Mafalda nasceu há mais de 50 anos, em 1962. 

Uma tirinha escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino, publicada em jornal pela primeira vez em 1964, que se tornou um enorme sucesso. São histórias de uma menina preocupada com a humanidade e a paz mundial que se rebela com o estado atual do mundo, usufruindo de uma altíssima popularidade na América Latina e Europa. Seu ano de lançamento curiosamente coincide com o Golpe Militar de 1964.

“Mafalda: Femenino Singular” é a nova compilação das tirinhas de Quino da editora espanhola Lumen, que pretende mostrar o que faz da personagem um ícone da luta das mulheres.


Lola Albornoz, editora da Lumen e responsável pela antologia, explica que a ideia desta seleção surgiu com a imagem de Mafalda em faixas durante a manifestação feminista de 2018 na Espanha. “No trabalho de Quino há muita reflexão que pode contribuir para o movimento feminista”, comenta.

Quino declarou recentemente sua afinidade com a luta feminista: “Sempre acompanhei as causas de direitos humanos em geral e dos direitos das mulheres em particular, a quem desejo sorte em suas reivindicações”.

O editor do livro diz que a primeira coisa que se pensa sobre Mafalda é que representa uma menina que não para de protestar e desafiar o status quo, mas, para Albornoz, o feminismo nas tirinhas não é tão simples:

“Mafalda, sua mãe, e suas duas amigas Susanita e Libertad nos ajudam a ver que há muitos tipos de feministas e mulheres. Se Mafalda é o estado reivindicativo do feminismo recente, sua mãe e Susanita são as mulheres no passado. E Libertad vem de uma família em que a mãe trabalha e sua visão é completamente futurista “.

Entre cerca de 2.000 tirinhas publicadas por Quino desde 1963, Albornoz diz que não foi difícil encontrar material suficiente para dedicar um volume de 140 páginas às reflexões de Mafalda sobre o papel das mulheres e críticas ao machismo de seu entorno. “Nunca tinha sido posto o foco editorial sobre este tema nas tirinhas. Mas não é só Mafalda se queixando sobre o papel feminino, é a menina que convida à reflexão”, diz Albornoz.

Reflexão que vêm em boa hora. Em janeiro deste ano Eduardo Bolsonaro, filho do atual presidente do Brasil Jair Bolsonaro, pediu que “professores evitem o feminismo”, e em fevereiro o Papa disse que “O feminismo é um machismo de saia”.

Que Mafalda tenha vida longa em suas tirinhas, o mundo ainda precisa muito dela.

Fonte: El Pais.



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