Os resultados da nova pesquisa podem ajudar na criação de novas maneiras de prevenir o HIV.
Pelo Instituto Karolinska com informações de Medical Xpress

Pesquisadores do Departamento de Medicina de Huddinge apresentaram uma nova pesquisa sobre como algumas pessoas com HIV podem controlar o vírus sem tratamento. Os resultados mostram que bactérias intestinais e um dipeptídeo específico podem desempenhar um papel importante e abrir novas maneiras de prevenir o HIV.
Na 23ª Conferência Europeia sobre HIV e Hepatite 2025, os pesquisadores Xiangning Bai e Rafael Cena Diez, do Departamento de Medicina de Huddinge, foram selecionados para apresentar suas pesquisas. Ambos atuam no grupo de pesquisa de Anders Sönnerborg e apresentaram novas descobertas sobre os chamados “controladores de elite”, pessoas vivendo com HIV que conseguem manter o vírus sob controle sem tratamento antiviral.
Relação entre o controle do HIV e a microbiota intestinal
A pesquisa de Bai analisou a microbiota intestinal desses controladores de elite usando sequenciamento metagenômico “deep shotgun” e pipelines de microbioma atualizados. Isso não havia sido feito antes, e uma associação clara e robusta foi encontrada entre o controle do HIV e espécies bacterianas até então desconhecidas. As descobertas se baseiam em pesquisas anteriores do grupo de Sönnerborg, nas quais um dipeptídeo chamado WG foi encontrado em níveis elevados tanto no sangue quanto nas fezes de controladores de elite, apresentando um efeito inibitório sobre o HIV.
“Agora queremos descobrir se as bactérias recém-descobertas podem produzir WG ou outros metabólitos/substâncias que contribuem para o controle do vírus”, diz Bai.
A pesquisa de Bai pode fornecer mais informações sobre a interação entre o bacterioma e o viroma na flora intestinal e se certas novas bactérias podem contribuir para a proteção imunológica ou direta contra vírus, neste caso o HIV.
Rota potencial para novos tratamentos preventivos
Cena Diez apresentou um método que ele otimizou e introduziu no ANA Futura Lab, utilizando tecido cervical de mulheres sem HIV para testar como a WG afeta a infecção. Os resultados mostram que o dipeptídeo inibe fortemente a infecção pelo HIV no tecido, sem danificar a mucosa.
“Isso nos dá uma base para desenvolver um microbicida — um agente protetor — que pode ser usado para prevenir o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis”, diz Cena Diez.