Cientistas na Rússia descobriram sete lontras-marinhas perfeitamente intactas na barriga de uma orca encalhada, de acordo com um novo estudo.
Com informações de Live Science.
A condenada baleia assassina foi encontrada longe de seus locais normais de caça, levantando a questão do que ela estava fazendo ali.
A orca fêmea (Orcinus orca) foi encontrada em 2020 na costa de uma das Ilhas Comandantes, que fica ao largo da costa do Extremo Oriente Russo, no Mar de Bering. Os cientistas realizaram uma necropsia no animal e descobriram não apenas as sete lontras-marinhas mortas (Enhydra lutris), que pesavam coletivamente 117 quilos, mas também 256 partes do bico dos cefalópodes.
Uma lontra-marinha ficou alojada entre a cavidade oral e o esôfago, o que pode ter levado à morte da baleia, escreveram os pesquisadores no estudo, publicado em 28 de setembro na revista Aquatic Mammals.
Várias coisas sobre a baleia assassina intrigaram os pesquisadores.
“É muito incomum porque as orcas normalmente não comem lontras-marinhas”, disse a coautora do estudo, Olga Filatova, pesquisadora de cetáceos da Universidade Estadual de Moscou, por e-mail.
Em vez disso, caçam focas, leões-marinhos, golfinhos e até outras baleias. E quaisquer que sejam as espécies de presas que caçam, “normalmente não as engolem inteiras – normalmente rasgam-nas e comem apenas as melhores partes (mais gordurosas)”, disse Filatova.
Engolir lontras-marinhas inteiras provavelmente foi um desafio para a orca condenada, já que as lontras-marinhas adultas podem atingir até 1,5 metros de comprimento. Os pesquisadores acreditam que a orca pode ter dado esse passo extraordinário porque estava morrendo de fome.
Os pesquisadores também analisaram o DNA da orca e determinaram que esse indivíduo fazia parte de uma população, conhecida como “baleias assassinas de Bigg”, que possui uma vasta área de vida que se estende desde as Ilhas Aleutas e o Golfo do Alasca até a costa da Califórnia.
Esta é a primeira vez que qualquer membro desta população de orcas foi encontrado no Pacífico Ocidental, levando os autores do estudo a levantar a hipótese de que a orca aprendeu esta estratégia de caça noutro local. As estratégias alimentares são geralmente transmitidas das mães para os filhotes, observaram os autores do estudo.
Embora a orca encalhada levante algumas questões, ela pode ajudar a responder outras. Durante algum tempo, as populações de lontras-marinhas entre as Ilhas Aleutas e o Golfo do Alasca diminuíram.
Embora alguns cientistas suspeitem que as orcas estejam por trás da diminuição da população de lontras-marinhas na área, esta é a primeira evidência direta de uma orca originária daquela região atacando lontras-marinhas. A descoberta levanta a possibilidade de que a predação das orcas possa estar por trás da queda no número de lontras-marinhas.