Algumas crianças nascem com um apêndice, são raros, mas causam uma série de stress pela desinformação.
Com informações de Science Alert.
Pode soar como uma história exagerada, mas em casos muito raros, os humanos podem nascer com apêndices traseiros desossados, às vezes com até 18 centímetros de comprimento.
Até o momento, os registros oficiais registraram cerca de 40 bebês nascidos com ‘caudas verdadeiras’, consistindo em protuberâncias macias e sem ossos semelhantes a dedos que são facilmente removidas por meio de cirurgia.
No entanto, os raros estudos de caso tendem a gerar “uma quantidade incomum de interesse, excitação e ansiedade”, de acordo com os pesquisadores. Frequentemente, isso ocorre porque as ‘caudas’ são consideradas remanescentes benignos e evolutivos de um ancestral perdido há muito tempo.
Acontece que isso se baseia em uma teoria desatualizada que é controversa há décadas. A realidade dessas crianças pode ser muito mais sombria e elas merecem atenção médica, não nosso fascínio mórbido.
Os apêndices com os quais alguns bebês nascem têm sido historicamente considerados caudas ‘verdadeiras’ ou ‘vestigiais’. Mas isso é um pouco impróprio, já que eles não são como qualquer outra cauda conhecida na natureza. Eles normalmente não contêm ossos, cartilagem ou medula espinhal. Eles simplesmente ficam pendurados lá sem uma função clara.
Ainda assim, isso não significa que esses apêndices sejam tão inofensivos quanto os cientistas costumavam pensar.
O mal-entendido sobre a origem da cauda começa com o próprio Charles Darwin. Mais de um século atrás, Darwin propôs que as caudas vestigiais humanas são acidentes evolutivos, ou restos rudimentares de um ancestral primata que já foi caudado.
Na década de 1980, os cientistas pegaram essa teoria e correram com ela. Eles argumentaram que uma mutação genética, desenvolvida pelos humanos para apagar nossas caudas, às vezes poderia voltar ao seu estado ancestral.
Em 1985, um artigo seminal definiu dois tipos diferentes de ‘caudas’ com as quais os bebês humanos podem nascer. A primeira, como mencionado anteriormente, é uma cauda vestigial ou verdadeira, originalmente considerada herdada de nossos ancestrais.
Mas outro tipo de crescimento do cóccix, que às vezes inclui osso, é conhecido como “pseudocauda”.
Historicamente, o pseudocauda tem sido associado a defeitos congênitos e, como tal, não é considerado vestigial.
Acontece que ambos os apêndices raros provavelmente representam uma fusão incompleta da coluna vertebral, ou o que é conhecido como disrafismo espinhal. Isso sugere que sua formação não é uma ‘regressão’ inofensiva no processo evolutivo, mas uma perturbação preocupante no crescimento de um embrião, provavelmente resultante de uma mistura de fatores genéticos e ambientais.
Quando um embrião humano atinge cerca de cinco semanas de desenvolvimento, brota uma estrutura semelhante a uma cauda composta por um tubo neural e notocorda, que é como uma medula espinhal primitiva.
Na oitava semana de desenvolvimento, essa cauda é tipicamente reabsorvida de volta ao corpo do embrião. Se permanecer até o nascimento, pode indicar a presença de um defeito congênito maior.
De fato, bebês humanos que nascem com cauda tendem a ter sérios defeitos neurológicos associados. Em 2008, por exemplo, um artigo argumentou que “as verdadeiras caudas vestigiais não são benignas” porque podem estar associadas a disrafismo subjacente.
Cerca de metade dos casos revisados foram associados com meningocele ou espinha bífida oculta. Isso sugere que bebês nascidos com cauda precisam de mais atenção médica do que uma simples cirurgia. E discorda fortemente do artigo de 1985 que argumentava que “a verdadeira cauda humana é uma condição benigna não associada a nenhuma malformação subjacente [da medula espinhal]”.
Na verdade, já em 1995, os pesquisadores argumentavam que os bebês nascidos com caudas ‘verdadeiras’ e ‘pseudo’ deveriam passar por neuroimagem, bem como por cirurgia para garantir que seu desenvolvimento estivesse seguindo como deveria.
Então, por que as caudas vestigiais foram relatadas em estudos de caso como se fossem consequências inocentes e indiscutíveis de nossa herança genética?
Parte do problema é que ainda não se sabe se uma cauda verdadeira é derivada diretamente da cauda embrionária, como alguns cientistas sugeriram. Simplesmente não há pesquisas suficientes sobre onde reside a anormalidade congênita – em parte devido à raridade desses estudos de caso.
Independentemente de onde o rabo de um bebê se formou, no entanto, as evidências sugerem fortemente que é o resultado de um problema congênito e não um traço vestigial inofensivo.
Para a vida e saúde dessas crianças, esse é um recado importante que precisa ser esclarecido de uma vez por todas.