Sporothrix brasiliensis: Fungo que causa esporotricose está se espalhando e alerta cientistas

O fungo, descoberto no Brasil, atingia somente a gatos até os anos 1990, mas já foi identificado em outros países e infectando cães e até humanos.

Por Rafael L.M. com informações de UOL.

Leveduras do fungo Sporothrix brasiliensis, principal agente da esporotricose felina no Brasil. Foto obtida por microscopia eletrônica de varredura, com aumento de 27.000 vezes (Foto: Reprodução/Unifesp)

Sporothrix brasiliensis é uma espécie de fungo pertencente ao gênero Sporothrix. É um fungo dimórfico, o que significa que pode existir em duas formas diferentes: uma forma leveduriforme e uma forma micelial (filamentosa). A forma leveduriforme é responsável pela maioria das infecções humanas causadas por esta espécie, que é comumente referida como esporotricose.

A esporotricose é uma micose subcutânea, ou seja, é uma infecção fúngica que afeta a pele e os tecidos subjacentes. Geralmente é adquirido através da implantação traumática da forma leveduriforme do fungo na pele, como por meio de uma picada de espinho ou mordida de um animal infectado. A infecção pode então se espalhar do local inicial da infecção para outras partes do corpo através do sistema linfático.

A esporotricose geralmente se apresenta como um nódulo eritematoso, indolor, firme e de crescimento gradual que pode ulcerar. A esprotricose linfocutânea, a forma mais comum da doença, caracteriza-se por uma série de nódulos cutâneos ao longo das vias linfáticas, enquanto a forma disseminada da doença pode afetar vários órgãos, incluindo pulmões, ossos e articulações.

O tratamento da esporotricose geralmente envolve o uso de medicamentos antifúngicos, como itraconazol ou terbinafina. Em casos graves, a cirurgia pode ser necessária para remover o tecido infectado. Na maioria dos casos, o prognóstico da esporotricose é bom com tratamento adequado.

O fungo foi descoberto no Brasil e, até a década de 1990, só afetava gatos de rua no Rio de Janeiro, mas se espalhou para outros Estados e países. O Sporothrix brasiliensis já se tornou um problema de saúde pública que afetando não só gatos, mas também cães e até humanos. Entre 1998 e 2001, a FioCruz diagnosticou 178 casos de esporotricose.

“Dos 178 pacientes, 156 tinham algum contato com gatos que também estavam com essa enfermidade, e 97 levaram alguma mordida ou arranhão desses animais”, indica um estudo.

Atualmente ele já foi detectado também na Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, e Panamá, e casos esoporádicos na Inglaterra e EUA.

“Segundo as últimas estatísticas, já são mais de 12 mil casos em seres humanos desde então. E isso sem contar os incontáveis registros em gatos e cachorros.”, disse o médico Flavio Telles, da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Como se prevenir

  • Evite se expor ao solo, plantas e matéria orgânica que possam conter o fungo.
  • Use luvas e roupas de proteção ao trabalhar em áreas contaminadas.
  • Limpe e cubra imediatamente quaisquer cortes ou arranhões na pele.
  • Evite manusear animais infectados, como cães e gatos, sem usar luvas.
  • Lave bem as mãos depois de trabalhar com solo, plantas ou animais infectados.
  • Pratique uma boa higiene para manter a pele saudável, como hidratar e evitar irritações na pele.
  • Procure atendimento médico imediato se desenvolver uma lesão de pele que não cicatriza.

Se você foi diagnosticado com esporotricose, é importante seguir as instruções de tratamento do seu médico, que deve incluir medicamentos antifúngicos. O tratamento precoce pode ajudar a prevenir a propagação da infecção e reduzir o risco de complicações. A Universidade Federal do Rio Grande (FURG) calcula que o tratamento dura em média 187 dias.



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