Ornitorrincos são biofluorecentes sob a luz ultravioleta

O pelo do ornitorrinco brilha verde ou ciano sob a luz ultravioleta, de acordo com um novo estudo. Esta é a primeira observação de biofluorescência em um mamífero que põe ovos, os chamados monotremados e que são cinco espécies.

Com informações do Público.es; Socientifica; De Gruyter.

Fotografias de espécimes de museu sob luz ultravioleta revelaram o brilho secreto do ornitorrinco. (Imagem: © Mammalia 2020; 10.1515 / mamífero-2020-0027)

Até agora, a fluorescência havia sido detectada em várias espécies de répteis, anfíbios e até aves, também em mamíferos marsupiais, como o gambá. Mas, no ano passado, a equipe da pesquisadora Allison M. Kohler da Universidade do Estado do Colorado também descobriu essa característica no pelo do esquilo voador, que apresentava diferentes intensidades de rosa.

Sua descoberta aconteceu por acaso quando ele estava realizando uma amostragem noturna de líquenes. A equipe confirmou essa peculiaridade com exemplares de esquilos voadores extintos mantidos em museus. Como os ornitorrincos (Ornithorhynchus anatinus) estavam na próxima gaveta , os cientistas decidiram examiná-los também.

Os ornitorrincos são seres pertencentes à classe de mamíferos monotremados, ou seja, aqueles que mamam mas põem ovos. Entretanto, além dessa característica, esses animais chamam a atenção com sua aparência bem peculiar. A impressão que temos quando olhamos para esse animal é que ele é composto por pedaços de outros animais que se juntaram. Assim, o ornitorrinco possui um focinho igual de pato, uma cauda achatada de castor e patas palmadas com esporos de veneno (nos machos).

No século XIX cientistas europeus visualizaram pela primeira vez espécimes empalhadas de ornitorrincos. No entanto, a primeira impressão e pensamento foi de que se tratava de um animal hipotético que havia sido montado com pedaços de pato e toupeira.

Além disso, esses mamíferos são aquáticos e encontrados somente em uma região do mundo: leste da Austrália. O seu nome científico, Ornithorhynchus anatinus, significa “pé chato com focinho de pássaro”, por sua aparência particular, segundo o Museu de História Natural de Londes (NHM). (Live Science).

(Exemplar de ornitorrinco macho submetido à luz ultravioleta/ Crédito da imagem: Mammalia 2020; 10.1515/mamífero-2020-0027)

Pêlo marrom que reflete a cor verde e ciano

A descoberta foi feita com dois exemplares de ornitorrincos, um macho e uma fêmea, coletados na Tasmânia e armazenados no The Field Museum em Chicago. Após observarem o brilho fluorescente nesses espécimes, cientistas testaram um terceiro exemplar presente na Universidade de Nebraska, o qual apresentou os mesmos resultados.

Além disso, os pesquisadores concluíram que o padrão de coloração é o mesmo para machos e fêmeas, o que demonstra que a biofluorescência não está ligada à características sexuais.

Os pesquisadores confirmaram que seu pelo brilhava verde ou ciano sob o Luz ultravioleta , apesar de ser uniformemente marrom na luz natural.

A descoberta causou bastante surpresa, pois a biofluorescência (absorção e emissão de luz em cor diferente) é rara em mamíferos, mas comum em peixes, anfíbios e répteis. Por outro lado, já existem relatos de biofluorescência nas duas outras classes de mamíferos: placentários, nos esquilos voadores, e marsupiais, nos gambás (de acordo com a revista Mammalia).

Um ornitorrinco no rio Little Yarra da Austrália. Foto – Douglas Gimesy (National Geographic)

Para que serve a biofluorescência nos ornitorrincos?

Os ornitorrincos não utilizam muito a visão. Durante a natação eles fazem a percepção do ambiente ao redor através da mecanorrecepção (toque e som) e da eletroestimulação (sinais elétricos). Dessa forma acredita-se que estes mamíferos utilizam da biofluorescência para diminuir a visualização de predadores.

A descoberta de que os ornitorrincos são biofluorecentes mostra que a característica não é exclusiva de apenas alguns mamíferos e que está presente em todas as classes do filo. Assim, os estudiosos acham que a característica pode ser ancestral, tendo origem no começo da árvore genealógica do grupo.

A cientista Allison Kohler, da University em College Station, descobriu que todas as espécies norte-americanas de esquilos voadores apresentam biofluorescência. Dessa forma o esquilo voador do norte (Glaucomys sabrinus), do sul (Glaucomys volans) e de Humboldt (Glaucomys oregonensis) brilham rosa quando expostos ao ultravioleta.

O próximo passo será colaborar com pesquisadores australianos para observar a biofluorescência em animais silvestres e, assim, aprofundar a exploração desse fenômeno na árvore genealógica dos mamíferos.



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