Os fãs lançaram a hashtag #JusticeForBedtimeStories e o álbum disparou em vendas no iTunes.
Informações do Papel Pop; NY Daily News
Queen On Top! Exatos 26 anos após o lançamento, o disco “Bedtime Stories” chegou ao topo das paradas de sucesso. Como isso aconteceu? Ao longo da última semana, fãs decidiram criar a hashtag #JusticeForBedtimeStories, incentivando a compra do disco no iTunes como uma maneira de reparação após seu relativamente baixo desempenho na semana de lançamento.
Diferentemente dos gráficos da Billboard, que acompanham as vendas semanais, os gráficos do iTunes refletem as tendências de vendas a cada hora, por meio de um algoritmo um tanto misterioso.
Como reflexo, o sexto trabalho de estúdio da lenda atingiu ótimas oposições. No ranking geral do iTunes US, por exemplo, alcançou o #1 nesta quinta-feira (30/04). Em países como Canadá, Brasil e Turquia o efeito foi semelhante: por lá também rolou 1º lugar, estando lado a lado de discos recém-lançados como “Future Nostalgia”, de Dua Lipa, e “Fetch the Bolt Cutters”, de Fiona Apple.
A obra distribuída pela Warner Bros. foi reduzida à US $ 4,99, e foi lançada uma campanha para comprar e transmitir o álbum, que inevitavelmente aumentou seu posicionamento.
Madonna reconheceu o sucesso repentino, da noite para o dia, de seu antigo álbum:
“Atualmente, o álbum “Bedtime Stories” está em primeiro lugar no iTunes dos EUA! “ ela escreveu no Twitter quinta-feira. “Obrigado a todos os meus fãs que fizeram chegar lá !! #stayhome companheiro musical! #bedtimestories #madonnafans #togetherapart ”
Vale lembrar que esse trabalho não fez tanto sucesso e que as paradas eram dominadas, em outubro de 1994, por canções como “I Will Always Love You”, tema da trilha sonora de “O Guarda-Costas” interpretado por Whitney Houston, e singles do álbum de estreia do Boyz II Men, “II”. “Bedtime” alcançou apenas o #3 na parada Billboard 200, um dos principais rankings do mundo.
O fato é que este ainda é um marco na carreira de Madonna. Pra entender, vamos voltar um pouquinho ao passado: após ter passado cerca de 4 anos desafiando o conservadorismo mundo afora com lançamentos ousados como o single “Justify My Love”, o livro “SEX” e o álbum “Erotica”, Madonna decidiu se desafiar sonoramente. Foi aí que ao lado dos produtores BabyFace, Nelle Hooper e Dallas Austin ela decidiu mergulhar de vez no R&B. O objetivo era explorar uma série de composições densas feitas ao longo do último ano, após a turnê “The Girlie Show”. Pra cantar essas letras, Madonna deixou pra trás seu alter ego Dita Parlo, sua “irreverência”, como gostavam de dizer, e deu voz a um lado mais elegante de suas interpretações.
Como tema central de suas reflexões estavam amor, tristeza e a própria fama, que havia lhe rendido duros ataques nos últimos anos. “Survival” e “Human Nature” são dois ótimos exemplos de como ela soube devolver, categoricamente, as críticas que sofreu por empregar em sua obra assuntos que até então eram tabus.
Porém, as baladas românticas foram seu maior feito. “Secret”, por exemplo, é um dos singles mais poderosos da carreira. Foi a primeira amostra do material e trouxe um clipe gravado nas ruas de Nova York, em película preto e branco. Nas imagens é possível ver um pouco mais da cena underground da cidade pela ótica da artista, que interpreta uma cantora de jazz anônima.
Também rolou uma colaboração interessante com a então iniciante Björk, que lhe deu de presente a letra da faixa-título sob uma condição: que as duas não se encontrassem, para preservar ao máximo a criatividade e deixar o projeto livre de interferências. O clipe é um dos mais grandiosos de Madonna, visto que teve um orçamento de aproximadamente US$ 1 milhão, destinado majoritariamente aos efeitos especiais. É riquíssimo em referências! Tanto que está exposto permanentemente no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (quando a pandemia passar, vale a visita).
O grande sucesso desse disco, entretanto, é a balada “Take a Bow”, que encerra a tracklist. Lançada nas rádios no primeiro semestre de 1995, a faixa teve seu clipe gravado em Ronda, na Espanha, a fim de contar a história de um romance proibido entre uma dama da alta sociedade espanhola e um toureiro. Este projeto ajudou Madonna, inclusive, a conseguir o papel de protagonista no musical “Evita”, em 1996.
“Há muitas maneiras de expressar seu ponto de vista e muitas maneiras de tentar influenciar as pessoas”, disse Madonna em uma entrevista em outubro de 1994 sobre o álbum. “Você pode ser agressivo e barulhento, chocar as pessoas e atingi-las na cabeça. Mas existem outras maneiras. Você pode subliminarmente seduzir alguém ou pode fazê-lo – bem, eu não consigo nem pensar em uma palavra para descrevê-la, porque ‘doce’ me parece estúpido. “
“Não acho que este álbum seja doce; acho que é agridoce”.