Cientistas encontraram correlação entre as concentrações do vírus no esgoto de Paris e o número de casos. Agora, esperam usar a estratégia para prever novas ondas da doença.
Informações da Super Interessante.
Por mais de um mês, uma equipe de pesquisadores franceses procurou pelo novo coronavírus em um lugar pouco usual: o sistema de esgoto de Paris. Os resultados da pesquisa mostraram que a concentração do vírus nas amostras seguiu o mesmo padrão da curva de casos da doença na região.
Ou seja: quando havia um aumento do vírus encontrado no esgoto, aumentava também o número de doentes em hospitais nos dias seguintes. Isso significa que, possivelmente, analisar esgotos pode ser uma estratégia para rastrear a progressão da doença no curto prazo e prever novas ondas.
Anteriormente, já se sabia que fezes de pacientes infectados podem carregar o SARS-CoV-2 em pequenas quantidades (embora a contaminação por esse meio pareça ser muito improvável). Inclusive, não é a primeira vez que uma equipe encontra traços do vírus em esgotos, mas o novo estudo foi pioneiro em mostrar a correlação entre a presença do vírus nas amostras de esgotos com o número de casos no sistema de saúde nos dias subsequentes.
Vale esclarecer que, uma vez eliminado pelas fezes, o vírus não dura muito no esgoto e logo se degrada. Mas é possível encontrar resquícios de seu material genético através de reações químicas, que revelam diferentes concentrações de vírus. E essa maior concentração de vírus, por sua vez, indica que há mais pessoas infectadas naquela região.
Os resultados mostraram que, até 3 dias depois de um aumento da concentração ser identificado, um maior número de casos também era registrado no sistema de saúde da mesma região. Possivelmente. graças à parte das pessoas que haviam contribuído para a presença do vírus no esgoto dias antes – se é que você entende.
De forma geral, a curva das concentrações virais acompanhou também a curva do número de casos na cidade, incluindo com uma queda acentuada depois que Paris entrou em quarentena geral.