Enquanto vários estados americanos determinam o fechamento do comércio para impedir a propagação do coronavírus, dispensários de cannabis recebem permissão para continuarem abertos.
Informações de DENIS RUSSO BURGIERMAN para a Época.
Enquanto vários estados americanos determinam o fechamento do comércio para impedir a propagação do coronavírus, dispensários de cannabis recebem permissão para continuar abertos. Para conter a epidemia de coronavírus, vários estados americanos estão decretando o fechamento do comércio, abrindo exceção apenas para serviços essenciais, como farmácias, bancos, mercados e… lojas de maconha.
Na segunda-feira passada (16), a cidade californiana de São Francisco determinou o fechamento de todos os dispensários de maconha, junto com o resto do comércio. Mas, no dia seguinte, o departamento de saúde pública da cidade reverteu a decisão, excluindo essa indústria específica do decreto.
“Cannabis é um medicamento necessário para muitos residentes, por isso dispensários continuarão operando”, disse o prefeito London Breed, ao comunicar a decisão, que inclui não apenas os dispensários medicinais, mas também os recreativos, que vendem maconha para qualquer pessoa acima de 18 anos.
Nos dias que se seguiram, vários estados e cidades americanas optaram por seguir o mesmo caminho. Na terça, Nova York declarou os dispensários médicos de cannabis “serviços essenciais” (lá a legalização é apenas para uso medicinal) e criou regras para seu funcionamento seguro.
Massachusetts, Michigan e Illinois estão regulamentando serviços de entrega em casa de cannabis. Na sexta, o governador da Califórnia seguiu o exemplo de San Francisco e determinou que os dispensários poderiam continuar abertos no estado todo.
O Estado havia visto um impressionante aumento de 159% na demanda por maconha legal, na segunda passada. É um caminho diverso daquele escolhido pela Holanda, onde a venda de maconha é permitida em estabelecimentos conhecidos como coffeshops.
É um caminho diverso daquele escolhido pela Holanda, onde a venda de maconha é permitida em estabelecimentos conhecidos como coffeshops. Lá, o governo decidiu que eles teriam que fechar, o que causou filas imensas no país inteiro de clientes correndo para se abastecer. Filas são fatores de risco nestes tempos de necessidade de “distanciamento social”.
No Brasil, onde a cannabis ainda é ilegal, há relatos de um grande desabastecimento do mercado. Como a venda da planta não é regulada, ela acontece em condições precárias, muitas vezes em zonas pobres da cidade, sem condições sanitárias ideais.
Num contexto de epidemia, há uma grande disrupção nessa cadeia. Os memes circulando pelas redes traduzem o clima entre os usuários. Por exemplo:
O aumento da demanda por cannabis neste momento difícil não surpreende. Sabe-se que o clima de ansiedade leva a um maior consumo da planta, que é útil para evitar pânico. Há muito tempo autoridades do mundo todo têm consciência desse fato.
Tanto que administradores de presídios em vários países fazem vista grossa para o consumo de maconha em suas instalações, porque sabem que os detentos têm essa necessidade e também porque a droga comprovadamente diminui a violência entre eles.
Sem cannabis e com as pessoas fechadas em casa, há muitos relatos de um grande aumento no consumo de álcool, o que pode ter efeitos indesejados, como por exemplo violência doméstica e uma baixa na imunidade associada à ressaca.