Grupo de empresários locais convocou entidade que seria capaz de controlar o tempo; médium viaja para Melbourne no fim de semana.
Por O Globo.
Uma entidade espiritual foi contratada por empresários da Austrália para solucionar o problema dos incêndios que já causaram 27 vítimas humanas, e, segundo a Universidade de Sydney, a morte de pelo menos 1 bilhão de animais. O porta-voz da Fundação Cacique Cobra Coral, instituto esotérico que diz poder controlar o tempo, foi quem informou sobre a contratação. Cabeça da organização, a médium Adelaide Scritori alega incorporar o espírito que seria capaz de atrair ou afastar as chuvas.
— Onde estiver, ela mentaliza o cacique e faz o pedido de interferência local ou à distância — explica o porta-voz da fundação, Osmar Santos, marido de Adelaide.
Osmar conta que a fundação foi procurada por um grupo de empresários australianos no dia 2 de janeiro, quando o cacique ‘tinha um serviço’ a realizar na Bahia.
A operação para conter o fogo se iniciou, então, no dia 3. Neste fim de semana, Adelaide embarcará para Melbourne.
A médium diz que vai cobrar dos empresários australianos uma pressão política mais efetiiva para a redução da queima de carvão, agenda que Cacique Cobra Coral defende com afinco.
— O clima mudou. Ou nos adaptamos ou morremos todos. Cedo ou tarde isso ia acontecer. Uma nova era está por vir, mas estamos acelerando esse processo com nossas ações no mar, no ar e na terra — diz Adelaide, por e-mail.
Pior na Austrália ainda está por vir, prevê Cacique Cobra Coral
A relação da fundação com os australianos começou em 2011. Nove anos antes, a Cacique Cobra Cobral começou a fazer previsões catastróficas para a Austrália, segundo as quais, inclusive, o pior ainda está por vir.
De acordo com Osmar, o procedimento esotérico-científico tem três etapas.
Primeiro, a demanda trazida pelo cliente é analisada pelo cientista da instituição, Rubens Junqueira Villela. Professor aposentado da USP, o nonagenário meteorologista (e ufólogo de carteirinha) tem a tarefa de detalhar as causas meteorológicas do problema a ser solucionado, seja chuva, seja seca.
“A situação sinótica na Australia está parecida com a do Brasil, um cavado de oeste em altitude atravessa o país de oeste para leste”, escreveu ele em perícia enviada para Adelaide na semana passada. “A chuva passa rápido demais. Para começar, seria preciso desacelerar [o cavado], diminuindo a velocidade da corrente de vento de oeste em altitude e reduzindo a temperatura.”
Na segunda etapa, Adelaide incorpora o ‘espírito interventor’, que já teria encarnado, segundo o porta-voz, em Galileu Galilei e em Abraham Lincoln. É quando as mudanças no tempo começam a acontecer.
A entidade, identificada como o líder de uma tribo norte-americana, seria capaz de alterar níveis de pressão atmosférica e a temperatura local.
Na terceira fase do procedimento, o cientista produz um relatório enumerando os boletins meteorológicos emitidos durante a operação sobrenatural.
— A mesma fórmula foi usada até nas guerras em que fomos convocados a participar, sempre, obviamente, com o objetivo de restabelecer a paz e a ordem, nunca tomando partido — afirma Osmar Santos. Uma delas teria sido a Guerra do Golfo, na qual o cacique reivindica ter interferido, a pedido de Saddam Hussein.
Mas o cacique não se ocupa só de pedidos além-mar. Até 2016, a fundação era conveniada à prefeitura do Rio. Com a troca de administração, o contrato foi descontinuado. Desde então, o cacique vem dando apavorantes ultimatos ao prefeito Marcelo Crivella, a respeito das tempestades que estariam por vir.
— O que tínhamos a falar sobre a prefeitura do Rio já o dissemos. Alertas foram enviados recentemente ao Estado e à prefeitura sobre o difícil e doloroso verão de 2020. Se não nos ouvem, que ao menos ouçam os cientistas e façam a lição de casa.