Animais foram flagrados nas praias de Praia Grande e Guarujá neste sábado (28/11).
Informações de G1; Mega Curioso; Wikipedia.
A aparição de caravelas-portuguesas (Physalia physalis) em praias da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, assustou moradores e turistas na manhã deste sábado (28). Ao G1, uma banhista relatou o encontro com os animais na orla de Praia Grande. Já uma moradora de Guarujá também flagrou as aparições em praias do município.
Turista de São Paulo, a cirurgiã-dentista Bárbara Lombardo dos Santos, de 34 anos, conta que passeava pela faixa de areia de Praia Grande com os pais quando flagrou uma das caravelas-portuguesas. “Já li a respeito delas e sei que são perigosas, então decidimos chamar os guarda-vidas”.
“Achamos uma e, poucos metros depois, avistamos outra. O problema é que parece que não há um preparo para essa situação, parece que nem os guarda-vidas sabem bem o que fazer. Eles orientam que não pode mexer, mas tem muitas crianças na praia. Como elas são bonitas, as crianças mexem e podem se machucar”, afirma.
Bárbara conta, também, que após o alerta, os guarda-vidas retiraram o animal até uma das bases para evitar acidentes. “É uma pena. Ao mesmo tempo que acaba sendo um perigo para os banhistas, o animal, que não tem culpa, acaba morrendo”.
Já em Guarujá, uma moradora flagrou a aparição das caravelas-portuguesas, ou barco-de-guerra-português, como também são conhecidas, em praias do município na manhã deste sábado (28/11). Imagens obtidas pelo G1 mostram os animais na faixa de areia dos bairros Astúrias e Pitangueiras.
Cuidados
De acordo com o biólogo Éric Comin, o surgimento desse animal nessa época do ano é comum e ocorre por conta da correnteza marítima, um fenômeno de massa de água chamado Água Central do Atlântico Sul (ACAS).
Comin explica que as caravelas-portuguesas oferecem grande risco aos turistas, pois seus tentáculos liberam substâncias extremamente urticantes que podem causar queimaduras de terceiro grau.
Caso o banhista seja queimado por esses animais, não deve tocar no local afetado pois a toxina se espalha para onde a pessoa levar a mão. Também é possível aplicar vinagre na região e evitar jogar água ou esfregar a mão com areia, além de procurar um centro médico para tratar os ferimentos.
Pode ser fatal, mas é raro
É o mesmo caso das águas-vivas; sua picada dói e tem alguns efeitos colaterais bem chatinhos, além da queimadura. Pode causar cãibras e vômitos, bem como elevar a frequência cardíaca. No geral, isso tudo só vai perturbar bastante — a não ser que você tenha problemas cardíacos ou seja alérgico ao veneno, o que poderia causar um choque anafilático e levar à morte.
Biologia
A caravela-portuguesa (Physalia physalis) é um único organismo em colônia heteromorfa, no grupo dos cnidários. Estes zooides estão ligados uns aos outros, pois não podem viver independentemente. São divididos em duas partes: uma chamada região oral (lado em que a colônia se alimenta), e uma região aboral, oposta à outra. Vivem nas águas de todas as regiões tropicais dos oceanos. Têm cor azul ou ainda rosa e roxa, dependendo de diversos fatores ambientais, e tentáculos cheios de células urticantes. Em contato com a pele, podem provocar queimaduras de até terceiro grau. Apesar da aparência, não são medusas.
O nome caravela-portuguesa deve-se à semelhança dos cnidários e as caravelas utilizadas como navios de guerra. É uma colônia de organismos geneticamente idênticos e altamente especializados que aparentam ser uma única criatura e a sua principal toxina é a Physaliatoxina (glicoproteína de 240 kDa) com citotoxicidade e toxicidade hemolítica.
A caravela-portuguesa não se move – flutua à superfície das águas, empurrada pelo vento, com os tentáculos pendentes com a finalidade de capturar peixes para a sua alimentação. Os tentáculos podem atingir um comprimento de 50 metros, mas a média é cerca de 30 metros.
A colônia divide-se em quatro tipos de pólipo:
- um pneumatóforo transformado numa vesícula cheia de ar;
- os domonoctozooides que formam os tentáculos;
- os gastrozooides que formam os “estômagos” da colônia; e
- os gonozooides que produzem os gametas para a reprodução.
Os cnidócitos, que são as células urticantes, portadoras dos nematocistos, encontram-se nos tentáculos e são accionados pela “rede nervosa”. A caravela-portuguesa tem dois tipos de nematocistos: pequenos e grandes; estes “órgãos” conservam as suas propriedades por muito tempo, mesmo que o indivíduo tenha ficado várias horas fora de água.
No caso de haver contacto com os tentáculos de uma caravela-portuguesa deve-se tentar remover, usando apenas água do mar, todos os pedaços que estejam agarrados à pele, devendo-se procurar assistência médica assim que possível.
A caravela-portuguesa é importante para a alimentação das tartarugas-marinhas, que são imunes ao veneno.
Reprodução
Os organismos individuais são unissexuais, cada um com gonozooides (órgãos sexuais) formado por gonóforos com o formato de pequenas bolsas contendo ovários ou testículos. São animais dioicos, isto é, todos os indivíduos numa colônia são do mesmo sexo. Na fase de reprodução, os espermatozoides separam-se da colônia e expelem os gametas. Uma densidade populacional mínima de caravelas-portuguesas é necessária para que ocorra a fertilização. Boa parte da reprodução acontece no período do outono, produzindo a grande quantidade de exemplares jovens que são comumente avistados durante o inverno e a primavera. As larvas desenvolvem-se muito rapidamente, e transformam-se em pequenas criaturas flutuantes.
Andam em grupos enormes!
Elas normalmente são encontradas em águas quentes do Pacífico, do Atlântico e do Índico, então nós do Brasil temos que ficar espertos. Mas não é só ficar de olho para uma caravela-portuguesa ou outra vindo com a correnteza; o problema é que elas costumam se aglomerar em grupos de mil colônias ou mais!
As espécies Physalia physalis e Physalia utriculus são responsáveis por mais de 10000 queimaduras a humanos na Austrália todo verão, particularmente na costa leste, mas também ocorrendo na costas sul e oeste australiana. Em junho deste ano o mar que envolve o arquipélago dos Açores foi invadido pela espécie.