Buraco Azul de Belize: O maior sumidouro do mundo

O Buraco Azul de Belize é um dos lugares mais procurados por mergulhadores e cientistas que estudam os oceanos. Em meio a águas turquesas, esse círculo azul escuro parece um portal para outra dimensão.

Por BBC; CNN; Mega Curioso.

O Buraco Azul de Belize é o maior sumidouro do mundo. Foto Wikipedia

Localizado a 64 quilômetros da costa, com 300 metros de largura e 125 metros de profundidade, é considerado o maior sumidouro do mundo – um grande buraco, formado quando o solo desmorona.

Considerados falhas geológicas, eles estão presentes em diferentes pontos dos oceanos. Por conta de suas qualidades térmicas e condições de segurança, eles atraem grande diversidade de vida marinha e, por consequência, de quem pratica mergulho, amador ou profissional. A cor exótica vem da baixa temperatura da água

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Os visitantes chegam até o Buraco Azul de Belize através de excursões que duram o dia todo, e que geralmente consistem de um mergulho no Blue Hole e dois mergulhos adicionais em recifes próximos. O buraco, de forma circular e com mais de 300 metros (984 pés) de diâmetro e 125 metros (410 pés) de profundidade, é simplesmente a maior formação natural de sua espécie do mundo, tido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Existem várias teorias sobre a formação do buraco, mas em 1836, o famoso biólogo evolucionista Charles Darwin prestou homenagem a estas formações notáveis ​​quando disse que os atóis de Belize e Belize Barrier Reef constituem “.. os recifes mais ricos e os mais notáveis ​​de coral em todo o oeste do Caribe”.

É um “espaço interior planetário”, na definição de Richard Branson, um magnata que financiou uma expedição ao Buraco Azul de Belize, em dezembro de 2018. O que fizeram os pesquisadores e por que o interesse por esse local é tão grande?

A expedição Blue Hole Belize 2018 levou submersíveis – incluindo a Aquatica Stingray 500 – para o fundo do buraco para ver o que está por baixo. Foto – AQUATICA

Uma foto do passado

Uma das primeiras pessoas a explorar o local foi Jacques Cousteau, na década de 1960. Agora, seu neto Fabien Cousteau, juntamente com um grupo de expedicionários, utilizou submarinos de alta tecnologia para observar detalhes até então desconhecidos do Buraco Azul.

Há dezenas de milhares de anos, esse sumidouro era terra firme. Mas com o aumento do nível do mar, após o fim das glaciações, acabou ficando submerso.

“Foi como ver uma fotografia do passado”, falou Bryan Price, um dos exploradores da empresa Aquatica, que construiu os submarinos utilizados na missão. “Pudemos ver como era o lugar quando não estava coberto pela água”.

Um dos pontos que mais surpreendeu os pesquisadores foi uma área que recebeu o nome de “catedral”, cheia de estalactites que ainda não haviam sido observados em detalhes.

“Isso foi muito emocionante, porque elas não foram mapeadas lá antes, elas não foram descobertas lá antes”.

Os pesquisadores identificaram que o Buraco Azul está dividido em três camadas, cada uma com características diferentes. A mais superficial é cristalina como as águas típicas do Caribe. Mas, à medida que aumenta a profundidade, “é como passar por nuvens ou fumaça”, explica Price.

Na terceira camada, mais profunda, quase não há luz nem oxigênio. Ali, a expedição observou espécies preservadas.

Erika Bergman, piloto chefe, oceanógrafa e gerente de operações, diz que toda a experiência de estar submerso nas profundezas escuras foi bastante incrível.

“Uma das coisas loucas sobre o buraco é a camada de sulfeto de hidrogênio”, diz Bergman. A camada desce a aproximadamente 300 pés, cortando toda a luz e mergulhando os mergulhadores na escuridão.”Você perde toda a luz do sol do Caribe e ela fica completamente preta, e é totalmente anóxico lá embaixo, com absolutamente nenhuma vida”, explica Bergman.

Usando dois submarinos, a expedição capturou novas imagens e filmagens dentro do Blue Hole e criou o primeiro mapa 3D de seu interior.

“Fizemos nosso mapa completo do sonar 360 e esse mapa está quase completo. Parece muito legal, é uma sonda em camadas de malha de todo o furo de mil pés de diâmetro”, disse Erika Bergman.


No interior do sumidouro

“No sumidouro em si não há muita vida, porque não há muita troca de água”, explica Price. No entanto, a expedição pode observar alguns tubarões.

Além disso, os exploradores coletaram informações que foram compartilhadas com as autoridades de Belize e com a comunidade científica. Um mapa 3D do Buraco Azul foi criado.

Segundo Price, foi gratificante ver que o sumidouro está bem preservado, sem sinais de contaminação.

“Havia basicamente dois ou três pequenos pedaços de plástico – e, além disso, era muito, muito claro”, diz Bergman, destacando o trabalho da Sociedade de Belize Audubon, que ajuda a proteger o buraco. Bergman diz que há muito pouco impacto humano visível.

Esse é, inclusive, um dos objetivos da missão: saber como conservar essa maravilha. “A gente protege o que ama e não pode saber o que ama a menos que o compreenda”, conclui Price.

Agora, a equipe está planejando uma expedição às águas das Ilhas Virgens Britânicas. Eles não estão planejando transmitir ao vivo, mas esperam obter imagens e descobertas igualmente emocionantes.

O submarino Stingray 500 à beira do recife do farol
Cortesia Aquatica Submarines / Thomas Bodhi Wade


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