Líder de um partido religioso nacionalista, o ministro Rafi Peretz falou sobre uma possível mudança de orientação sexual através de “terapias de conversão”. Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu condenou oficialmente as afirmações do titular da pasta de Educação .
Fonte: Terra.
Ministro da Educação vira alvo de protestos após dizer que acredita na eficácia de terapias de conversão de homossexuais. Primeiro-ministro Netanyahu condena declaração, mas não dá sinais de que pretende demitir ministro. Protestos em Israel no domingo (14/07) aumentaram a pressão para que o ministro da Educação, Rafi Peretz, seja demitido após manifestar sua crença em terapias de conversão de homossexuais.
Em entrevista a uma emissora de televisão no sábado, Peretz foi perguntado se acreditava que a controversa terapia poderia de fato transformar gays em heterossexuais. “Acho que pode, sim”, respondeu o ministro. “Posso lhe dizer que tenho um profundo conhecimento sobre educação e já a apliquei também.”
Peretz, que lidera a pequena União dos Partidos de Direita, de plataforma religiosa e nacionalista, contou que certa vez um estudante se aproximou dele dizendo ser gay. O ministro afirmou que abraçou o menino, o tratou de maneira gentil e prometeu “ajudá-lo a entender a si mesmo para então poder decidir por conta própria”.
Os comentários levaram centenas de pessoas às ruas de Tev Aviv para protestar e pedir sua demissão. A declaração foi criticada também por diversos setores da política israelense, inclusive pelo próprio primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, e outros membros do governo.
Netanyahu, que incluiu o partido de Peretz na coalizão de governo após as eleições de 9 de abril, condenou a declaração. “Os comentários do ministro da Educação sobre a comunidade gay não são aceitáveis e não refletem a posição do governo”, afirmou em nota.
O premiê disse ainda ter conversado com Peretz, que, segundo Netanyahu, “esclareceu suas declarações e assegurou que o sistema de educação de Israel continuará a aceitar todos os filhos de Israel da forma como são, sem se importar com sua orientação sexual”.
Apesar dos protestos e das críticas ao membro de seu governo, o primeiro-ministro não deu sinais de que pretende demitir Peretz.
Na mesma entrevista no sábado, o ministro minimizou um comentário do jornalista de que Israel poderá realizar um “apartheid” se anexar a Cisjordânia ocupada sem dar aos palestinos o direito de votar nas eleições gerais de Israel. “Eles certamente não poderão votar”, afirmou.
Esse comentário, somado à declaração em favor da terapia de conversão de gays, levou os manifestantes a tachá-lo de “racista homofóbico”.
Essa foi a segunda controvérsia criada por Peretz em apenas um mês. Na semana passada, ele foi criticado, principalmente no exterior, por qualificar o casamento entre judeus e não judeus de um segundo Holocausto.
Nos últimos anos, Israel se tornou um destino turístico de grande atração para a comunidade LGBT. A parada gay de Tel Aviv atrai mais de 200 mil pessoas todos os anos. Homossexuais podem ingressar abertamente nas Forças Armadas e na política. Muitos artistas populares são assumidamente gays.
As terapias de conversão de homossexuais são amplamente consideradas como sem embasamento científico e potencialmente prejudiciais aos jovens, inclusive pelo Ministério da Saúde israelense.
Mas a reputação de Israel como um país liberal e acolhedor aos LGBTs é vista por muitos como um disfarce para abafar repetidas violações dos direitos dos palestinos.