Elas faziam parte de uma milícia apoiada pelo governo do país que combatia extremistas islâmicos.
Fonte: G1.
Uma milícia apoiada pelo governo da Nigéria liberou 894 crianças que usou como soldados na guerra contra os insurgentes islâmicos do Boko Haram. O anúncio foi feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A Força Operacional Civil Conjunta (CJTF, na sigla em inglês) foi criada em 2013 para proteger as comunidades dos ataques do grupo extremista em Maiduguri, no oeste do país.
“Elas eram utilizadas por grupos armados em funções de combate ou não. Foram testemunhas de massacres e de violência”, declarou Mohamed Fall, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a Nigéria.
Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2017 aponta a Nigéria tinha mais de 15 milhões de crianças com entre 5 e 14 anos forçadas a trabalhar, “algumas das quais usadas como soldados em conflitos armados”.
“Continuaremos a lutar até que não existam mais crianças nas fileiras dos grupos armados na Nigéria”, disse Fall em seu comunicado, afirmando que ainda há milhares de menores de idade em condições similares.
As milícias civis foram criadas para proteger as comunidades do grupo extremista islâmico no nordeste da Nigéria e são financiadas e apoiadas pelas autoridades do país. Elas apoiam as Forças Armadas, particularmente nos postos de controle ou para garantir a segurança dos campos de deslocados.
Elas foram, no entanto, criticadas muitas vezes por abusos cometidos contra civis ou crimes extrajudiciais, incluindo o recrutamento de crianças para suas tropas: um embaraço para a comunidade internacional que financia e arma a Nigéria em sua luta contra o Boko Haram.
“Desde setembro de 2017, quando o CJTF assinou um acordo prometendo tomar medidas contra o uso de crianças nas tropas, 1.727 crianças e adolescentes foram libertadas e não houve novo recrutamento”, diz o Unicef em sua declaração.
O conflito com o Boko Haram já matou mais de 27 mil pessoas desde 2009 e mais de 1,7 milhão de pessoas ainda não puderam voltar para suas casas.
O grupo jihadista Boko Haram, cujo nome significa “a educação ocidental é um pecado”, conduz desde 2009 ataques no nordeste da Nigéria que já mataram mais de 20 mil pessoas. Em 2014, provocou uma onda de indignação global com o sequestro de 276 meninas em uma escola em Chibok.